TEAR NA MÍDIA - Lançamento da Revista GUAJIRÚ
O Tear e a Tecelagem

TEAR NA MÍDIA - Lançamento da Revista GUAJIRÚ


Revista Guajirú: arte e cidadania

DivulgaçãoOFICINA - Jovens escritores receberam orientação de profissionais como Carlos Peixoto e Osair Vasconcelos
30/08/2008 - Tribuna do Norte

Michelle Ferret - Repórter

Reviver a própria existência em forma de arte, poesia e escrita. Essa é a proposta da revista Guajirú que será lançada hoje, às 19h30 no espaço Tear em São Miguel do Gostoso. Norteada pelo princípio do protagonismo social e a emancipação comunitária, através da arte e da cultura, a revista Guajirú - coordenada por Padre Fabio Santos e Dominique Losch - é resultado de uma ação do espaço Tear junto ao coletivo de direitos humanos, ecologia, cultura e cidadania – CDHEC. “Para a construção da revista, a gente teve a arte como instrumento libertador, aonde essas pessoas que estão no palco, no boi, no pastoril e na sociedade, estejam também no palco da revista”, contou Pe. Fábio. A idéia surgiu entre discussões sobre cidadania e história local, durante as oficinas culturais de teatro, boi de reis e pastoril que acontecem há quase dois anos no município. “Então tivemos a idéia de elaborar a revista para deixar registrado tudo o que estamos vivendo”.

Os 21 jovens escritores da revista tiveram a orientação editorial de Carlos Peixoto (Diretor de Redação da TRIBUNA DO NORTE), Osair Vasconcelos, Iuri Borges e Ângela Almeida. “Depois das oficinas, podemos perceber que os jovens estão engajados nos conselhos comunitários, na discussão da própria história e no desenvolvimento cultural do lugar. Existe um brilho diferente no lugar agora”, contou Fábio.

Uma das jovens participantes é Dejinalva da Silva, que nasceu em São Miguel do Gostoso e hoje com 28 anos consegue deslumbrar um futuro diferente. “Mudou muita coisa na minha vida depois dessa construção. Começo a ter um conhecimento mais profundo da minha própria cidade. Com isso tenho fundamentos para participar mais ativamente da sociedade”, contou.

Ricardo André Ribeiro, 26 anos compartilha do sentimento de Dejinalva. “Participei ativamente da oficinas da revista e também do teatro e percebo o quanto a gente evoluiu. Antes tínhamos dificuldade de consolidar as ações dentro da comunidade, até a comunicação era difícil, mas agora tudo se transforma para melhor”.

Um espaço que tece cultura

Independente de verbas públicas, o espaço Tear é uma prova de que é possível modificar a realidade social através da arte e da coragem.

É como a força do mestre mais antigo do Boi de Reis do lugar, seu José Marciano, quando pegou tuberculose aos 11 anos e a promessa de sua mãe foi que se ele ficasse bom, dançaria em frente à Igreja Matriz. Hoje com mais de 80 anos, ele nunca mais parou e hoje ministra oficinas junto a seu sobrinho. “Essa é uma garantia da transmissão o da tradição e é nisso que o espaço se agarra para não parar”, disse padre Fábio.

O espaço das oficinas é cedido e os recursos chegam de diferentes partes do mundo, através de doações de igrejas e quem desejar ajudar. As verbas são transformadas em adereços, pagamento das contas do espaço, apresentações e manutenção, que mantém um grupo de teatro de rua, oficinas de música e para a construção de instrumentos musicais que são utilizados nas apresentações,além é claro do Pastoril e do Boi de reis.


Conteúdo da Revista

Toda a essência do lugar está dissolvida na revista. Lendas, crenças, pesquisa história e também poesia são os motes das páginas. “Tem a história do batatão, que para outros é o boi tatá. É uma bola de fogo que aparece para os pescadores e está impregnado no imaginário popular da sociedade. A gente fez o registro para não ficar no esquecimento. É essa a real proposta”, contou.

Na revista, a história de um pescador que lutou com o batatão, contada pelo próprio, parece um conto literário. “Tem outra página dedicada ao pastoril e duas páginas dedicadas ao Boi de Reis e duas dedicadas a pesquisa da cidade”, disse o padre. Além disso o exemplar ainda traz uma entrevista com dona Mercês, uma das mais antigas parteiras do lugar. Outra entrevista com dona Ana Ribeiro, que é professora antiga da escola pública da cidade e outra com dona “Chiquinha” que benze as crianças. “Todos são personagens de suas próprias histórias”, lembra.

Com tiragem de 1.000 exemplares, as revistas serão distribuídas em locais estratégicos, como escolas, bibliotecas e formadores de opinião e também serão vendidas ao preço de R$ 2,00 em Natal. O valor será revertido para a confecção do jornal mensal da comunidade. “A arte trabalha com o bem e o belo, a ética e a estética e como posso transformar coisas em textos, em fotos, em boi de reis, pastoril, em personagens de teatro, instrumentos numa lata, assim como transformo coisas boas e bonitas, percebo que hoje estamos vivendo um processo histórico o lance do protagonismo e o lance da identidade e da memória. Quando falo do protagonismo, é a juventude dando sua opinião nas propostas da cidade”, disse padre Fábio.

Além das oficinas de arte, o espaço oferece também oficinas profissionalizantes como informática, pedreiro, bombeiro hidráulico. E no próximo ano, a proposta é levar o espaço para os 11 assentamentos da e 16 distritos de São Miguel.


Serviço:
Hoje, lançamento da revista Guajirú no espaço Tear, às 19h30 em São Miguel do Gostoso. www.tearcultura.blogspot.com




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